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Tenho plena ciência de que planos dão errado…

Tenho plena ciência de que planos dão errado…

Pensei muito nessa semana sobre como estamos sendo lembrados que temos pouco (ou nenhum) controle sobre o que é substancial na vida.

Admito que, para mim, é uma lição difícil de engolir. Já tem uns 5/6 anos que tento aprender… Lenta eu né? 🤭

Pegando minha vida nesses anos: vivi um trauma emocional enorme, tive depressão, perdi o emprego, mudei de casa, de rotina, voltei a trabalhar por conta e quando estava tudo PERFEITO, entrando nos trilhos… Do nada, uma lesão no pé, incerteza financeira e uma disputa judicial a começar.

O caos a minha volta, um vírus no mundo…

Nesse contexto, numa sala de espera, me dei conta que se eu fosse menos “planejadora”, menos controlada (and controladora) eu estaria muito pior – acredita em mim, eu sei que meu fundo do poço sempre pode afundar mais, já testei.

Grandes planos que tive deram errado e nada pude fazer para mudar. Mesmo fazendo de tudo! Então, de que me serve ainda planejar, poupar, cumprir minhas responsabilidades, seguir a fé, fazer o bem e me “ferrar” mesmo assim?

Se eu tivesse resposta pra isso eu não estaria aqui sofrendo.

Por hora, eu sei que viveremos dias ainda mais estranhos na economia. Teremos gurus vendendo aulas virtuais pra ganhar dinheiro na crise, aulas de home-office, de organização e produtividade. Teremos “mestres” e experts em tudo… Mas, e nós? Mortais. O que faremos na pequena parcela que nos cabe da realidade humana?

É uma opção esquecer que o amanhã pode chegar tenebroso, ou não; fazer estoques, aumentando a demanda e escassez sem pensar que os preços levarão muitos meses a se ajustar e, talvez, não seja pra baixo esse ajuste. Sem pensar que o próximo pode não ter quando precisar, que o morador de rua não tem nem o básico… O que faremos daqui uns dias? Estaremos produzindo o triplo pra tirar o atraso e poluindo tão mais? Preços aumentando e salários congelados por conta da quebra na receita? Não sabemos!

Parece que estou pintando um cenário onde só tem lado ruim. Mas, foi pensar nisso, nessa sala de espera que me fez respirar aliviada!

Eu sei, do fundo do poço de quem já viveu o caos visceralmente e, que talvez nem estivesse aqui, se fosse por vontade própria: há um jeito certo de lidar com o caos até ele passar.

Reforcemos isso em nós!

Eu aqui, agora, pensei em cada centavo que não gastei nos últimos anos e valeu a pena só por não ter que esperar na fila do SUS. Eu já fiquei com o braço luchado em casa porque meus pais não podiam me levar ao médico, quando fomos de ônibus eu gritava AAAAIIIII a cada lombada. Agradeci agora pelo Uber e pelo cartão de crédito, amém.

Paguei médico pra conseguir lidar com a dor do pé mais rápido, paguei exames pra eliminar riscos, comprei os remédios, ganhei livros e um Kindle dos amigos pra ajudar a cuidar da cabeça em casa.

Estou bem hospedada sob um teto amigo, minha mãe que é minha primeira casa. E, se nessa vida, ouso pensar que não tenho tudo que gostaria sei que ainda tenho tempo de trabalhar para ter.

Se eu não fosse uma pessoa resiliente e de uma fé (pequena e falha), com certeza o vazio do medo do futuro teria me consumido. Eu teria sucumbido por fixar o olhar só nos planos que não deram certo. Eu olho pra eles, sim, o tempo todo. Mas, me sinto tão mais forte quando vejo que na parcela que me cabe da vida eu sigo com esperança – quase cega – de que sempre posso ver e fazer o melhor naquilo que me cabe.

Tenho plena ciência de que planos dão errado, mas eles são um exercício da esperança que dá frutos no tempo necessário.

Façam planos, organizem a vida para quando a circunstância exigir estarmos de pé para encontrar a melhor esperança no caminho com resiliência e fé.

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